quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sobre teleféricos, escorregadores e lunetas


E você, não sente falta de inventar o depois? Você fica aí, a esperar a cor do amanhã, tagarelando solidão e saudade, com os olhos tão engordurados de estrelas, senhas e teleféricos, que se esquece da própria escuridão. Daquela, entalhada na gruta que te esfaqueia as hipóteses. Sim, eu falo daquele buraco que estica suas profundezas até o impossível de se ver. Falo do vazio que lhe martela o esqueleto, pouco a pouco, com batidinhas camufladas que transformam as palavras em certezas escorregadias.

Por isso decidi costurar as janelas. Quando abotoamos o céu, não precisamos de lunetas. É como se o olhar estivesse empalhado: não há cores, apenas o lento desbotar do espaço.


Um comentário:

Marco Camunha disse...

As vezes o óculos embassa, apagam a luz sem avisar, o trinco emperra e a porta não abre. As vezes, e bom não olhar...