quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Os meus opostos



"Reflita. Medite. Perceba. Descubra e aja.
Mentalize o melhor, esteja pronto para o pior
e agradeça o que vier!"

(Shri Swami Vyaghrananda Bhagwan)


Eis, literalmente o que vou fazer o carnaval inteiro.
Sem festas, sem amigos, sem barulho, sem dança...
(coisas essenciais para sobreviver em SP!)
Apenas:
Acalmar os ânimos, recarregar as energias.

Ouvir o silêncio.
Ficar em paz.
Para que ela se propague pelo resto do ano inteiro!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Ah, as pessoas!

"Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior."
(Guimarães Rosa)

sábado, 26 de janeiro de 2008

Sonho


















Quando a gente sonha acordado,
o pensamennto vai prá frente, você sabe.
Às vezes até se esquece de olhar para baixo,
para onde os pés pisam, se é que pisam.

Mas quando a imaginação dorme,
ela voa para o infinito.
Vai adiante e para todos os lados.
Volta-se para trás,
e caminha até mesmo na diagonal.
Forma figuras,
constrói pontes onde não há rios ou precipícios.
Inventa pessoas, desenha conversas,
cria teorias, desenvolve filosofias.

Mistura o verdadeiro da vida,
o de-verdade vivido,
com o real da fantasia,
o desejo ainda-não-sentido,
o talvez,
mas que flui no sonhado
como se tivesse acordado.

Mas é ao despertar,
que a certeza do sonhado no dormido,
traz em nós a incerteza do vivido.
A duvida se é sonho real
ou real sonhado.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Como está a sua paciência?

Paciência
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida e tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência

O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)

(Lenine)

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Machu Picchu


















O importante não é o destino,
mas a trilha que se percorre até ele.
Caminha-se para a frente,
sem se voltar para o que ficou.

Até que a partir de um certo ponto não há mais volta.

Tão longa e árdua é a travessia,
que pensamos somente no durante, no agora, no enquanto.
Mentalizamos o corpo, o suor, a respiração.

Toda presença desaparece,
e nos tornamos únicos, solitários, companheiros de nós mesmos.

Debaixo dos pés, ao nosso lado, apenas os pétreos rastros da história.
E acima, a montanhosa natureza a observar.

A cada alvorecer, uma surpresa, um novo desafio.

Um dia em linha reta.
O outro, na direção do céu,
como se para tocar as estrelas.

Vez em quando, um descanso na paisagem.
O cenário anima, abastece, repõe o fôlego.
"Daqui do vale, não se vê o além de lá"
Mas sabemos que devemos continuar.

No terceiro dia, mergulha-se no vale mais profundo,
frio, obscuro, enclausurado.
Mas é lá que amanhece a força
para o destino final alcançar.

Porém, no último dia,
logo pela manhã avistada lá do alto,
desde aquela montanha para além do lado de lá,
Machu Picchu deixa de ser única
para se tornar plural.

Mostra-se diferente para cada pessoa que ali se encontra:
para o turista que vem de baixo, de trem ou ônibus,
uma atração fotográfica;
para o mistico, que vem de longe,
uma energia sagrada;
para o historiador, que vem dos livros,
um campo de estudo;
e, finalmente, para o caminhante,
que em quatro dias,
chega por onde o sol seus raios revela,
torna-se um encontro consigo mesmo
e com sua energia mais profunda.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Silustani, Peru



Uma paz mortal invadiu minha alma.
Podia ter ficado dias em meditação aqui.

Fragmentos de uma Bolívia

































Modernidade e tradição lado a lado. Vida mais terrena, com os pés literalmente no chão. Tudo com muita simplicidade: come-se de tudo, bebe-se de tudo, de qualquer lugar e em qualquer lugar.

Presença forte da terra, do chão, da vida dura e crua na fachada das casa, nas tendas sobre as ruas, nos produtos descobertos espalhados sobre o asfalto, nas roupas coloridas, símbolo de uma cultura indígena muito presente, nos tijolos das construções urbanas e altiplanas, nos corpos que carregam a vida em mantas multicoloridas penduradas às costas, nas mãos que trabalham a terra, que conduzem as ovelhas pelos campos, que separam os pães nas cestas, que cortam o queijo a bronzear-se debaixo do sol; nas frestas que o tempo formou nos rostos das senhoras que farfalham pelas ruas suas saias sobrepostas, sem nunca deixar o chapéu cair, e no olhar resignado das moças que trabalham do nascente ao poente depositando sua imensa energia para manter o arco-íris sempre iluminado.

Crueza, mãos, chão, terra, cores.
Mostaram-me com quanta restrição nossa vida e nosso corpo são moldados pela sociedade e pelos valores sob os quais vivemos.

Lá, tudo me pareceu muito mais óbvio e simples.