sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Sobre olhares e foices
Dois olhares separados por uma janela, um portão, uma rua, um pára-brisa. Não tiveram tempo de esfaquear o espaço. O instante-foice.
Um, ao lado de fora, perdido no ele-ela-foi, eu-ele-sou. O outro, em sua existência-silhueta na janela, um inaudível eu-ele-fui do não mais. O instante foi-se.
No entre-sombras, a olhar ares, há olhares. A campainha toca. Ele-múltiplo, que se devolve e se despossui. Não há ares, há olhos e mares. O oi-adeus estomacal entre porta e sofá. O instante fosse.
Olhos a espera, por detrás do pára-brisa. Espera-foice se o instante fosse o que foi-se.
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