terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Fragmentos de uma Bolívia
Modernidade e tradição lado a lado. Vida mais terrena, com os pés literalmente no chão. Tudo com muita simplicidade: come-se de tudo, bebe-se de tudo, de qualquer lugar e em qualquer lugar.
Presença forte da terra, do chão, da vida dura e crua na fachada das casa, nas tendas sobre as ruas, nos produtos descobertos espalhados sobre o asfalto, nas roupas coloridas, símbolo de uma cultura indígena muito presente, nos tijolos das construções urbanas e altiplanas, nos corpos que carregam a vida em mantas multicoloridas penduradas às costas, nas mãos que trabalham a terra, que conduzem as ovelhas pelos campos, que separam os pães nas cestas, que cortam o queijo a bronzear-se debaixo do sol; nas frestas que o tempo formou nos rostos das senhoras que farfalham pelas ruas suas saias sobrepostas, sem nunca deixar o chapéu cair, e no olhar resignado das moças que trabalham do nascente ao poente depositando sua imensa energia para manter o arco-íris sempre iluminado.
Crueza, mãos, chão, terra, cores.
Mostaram-me com quanta restrição nossa vida e nosso corpo são moldados pela sociedade e pelos valores sob os quais vivemos.
Lá, tudo me pareceu muito mais óbvio e simples.
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