terça-feira, 2 de outubro de 2007

Domingo no forró









Pares a postos. A sanfona espreme-se, derramando a primeira nota pelo salão.

Corpos arredondam-se por todo o espaço. Logo, a zabumba marca o um dois três dos passos, e o triângulo, tilintando sua presença pela composição, acaricia, com malicia e cumplicidade, cada nota que acompanha.

Fecho os olhos e parece que vôo. O corpo perde-se em sua imaginação, em variações infinitas de um mesmo compasso. Seguindo o ritmo do batuque, os pés advinham os movimentos e saracoteiam livres e soltos.

Aos poucos, a música decompõe-se dentro da alma e eu perco-me de mim.

Os passos vêm por si só, sem ensinamento ou aprendizado prévio. É como se fosse a alma que dançasse. E eu dôo-me por completo. Me sinto leve, livre, feliz.

Quando o ritmo dos pés atinge o intervalo perfeito, todo o corpo vive a experiência infinita da harmonia musical, corporal, sensorial.

Os corpos esquecem-se em sua dança própria, única, singular.

Assim é dançar de olhos fechados.

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