Tenho medo. Por isso paro. E vejo muros, por todo os lados. Vejo muros e dou murros. Mas é concreto. Então escuto, e a música que vem me faz dançar. Danço como os passarinhos. Fecho os olhos. O medo não passa, mas os muros caem e eu saio andando, como uma professora pássara. O difícil agora é bater às portas, porque minhas mãos são de penas. Então canto, esperando que as portas se abram. Mas não vão abrir se não me vêem. Olho pelo buraco da fechadura e vejo uma gaiola. Giro a maçaneta, entro. Com licença, vim cantar. Mais medo. As gaiolas olham-me a espera de que. Saio correndo, antes que os muros se levantem, aos urros. Vou-me, para outra porta. Sou pássaro, passarinho. Posso entrar?
Um comentário:
é lindo, isto. o texto, tudo.
...a necessidade de entrar e o medo, talvez certeza, de não poder sair depois.
não basta cantar, é preciso ser ouvido...
mas, e a chave?
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