segunda-feira, 23 de julho de 2012
Vazios
não há nada
no ato
no mato
no tato
de onde vem a canção?
de onde vem o amor?
talvez do fim
do ato
do mato
do tato
domingo, 15 de julho de 2012
Por entre areias...
anos depois
dez
para ser exata
encontrei uma carta
no baú
desmemórias
havia mágoa, havia dor
escrevi uma resposta
e uma flor
recebi um sorriso
havia abraço, havia amor
Ensaio sobre uma cegueira
Escrevo à luz de velas, em noite em que não há lua cheia. Faz muito frio lá fora.
Perdi meus óculos. Quebrei-os, estilhaçados no mármore cinza do quarto. Lente de vidro, despedaços ao mínimo toque.
Agora escrevo bem de perto. Por enxergar muito pouco, tenho que fechar um dos olhos e encostar meu nariz no papel para que acompanhe o movimento da caneta tinteiro.
Vejo cada palavra que se desenha na folha limpa. Dança de traços nítidos, embaraçados e imprecisos ao longe. Percebo bem o que escrevo à margem esquerda, mas vejo nuvens à direita.
Enxergo apenas a pena que percorre o papel; o corpo da caneta se perde nas brumas do não enxergável.
Mas queria apenas dizer, dançando, que hoje a lua sorriu para mim, e com sua luz empalhei o mundo.
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