domingo, 18 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
in media res
há algo que me prende à respiração
olho para o fim, enquanto meios
lamento passados
amanheço futuros
eu, hoje, aqui
para que depois?
olho e penso
difícil é apenas olhar
olhar sem ver, apenas sentir
para que o fim se ainda o meio?
olho para o fim, enquanto meios
lamento passados
amanheço futuros
eu, hoje, aqui
para que depois?
olho e penso
difícil é apenas olhar
olhar sem ver, apenas sentir
para que o fim se ainda o meio?
domingo, 4 de dezembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Ser, Estar
para onde vai a conciência
quando eu não mais?
não sou, não és
o todo apenas corpo
inspirãção, expiração
quase movimentos
poucos sentidos
em tudo
já fui, não sou
estou apenas
domingo, 13 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Espera
estou com preguiça de arrumar o mundo hoje
as pessoas vão indo embora, sem avisar
fica tudo no ar
a sonhar
as pessoas vão indo embora, sem avisar
fica tudo no ar
a sonhar
sábado, 5 de novembro de 2011
sábado, 29 de outubro de 2011
Som
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
domingo, 16 de outubro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Retiro
acabo de retornar de um retiro de revisitas
onde o silêncio de passarinhos e folhagens ao vento
velhas amizades em paisagens sem tempo
uma casinha, uma praia, muitas crianças
e o mar, a lagoa, as montanhas
pessoas infinitas no pequeno espaço de cada dia
volto a inspirar
domingo, 2 de outubro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
LÍquida vida
o som que escorre no todo da imagem ensaiada do mundo
profundo fogo, medo de espreguiçar-se
há muita água no todo
tão líquido que não dá conta
o olhar divaga, escorre
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
sábado, 3 de setembro de 2011
Pensa-mentos
cabeça, pulsa
não há sossego no pensar
o que me cabe
já é demais
olhar, divaga
demais de água
argila inacabada
medo de espreguiçar
não há sossego no pensar
o que me cabe
já é demais
olhar, divaga
demais de água
argila inacabada
medo de espreguiçar
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Hoje
tive um dia todo roxo
em tons de passarinho
com toques de estrelas
e cheiro de tinta
li um roteiro
pensei saudades
lembrei futuros
domingo, 31 de julho de 2011
domingo, 24 de julho de 2011
Palavra
há palavras que pegamos, acariciamos, mastigamos, sem nunca engolir
há aquelas que são de passar no corpo: sabões de cheiro, exalam, perfumam
há outras de superfície áspera, que não se deixam tocar por muito tempo
gosto muito das palavras que se abrem como túneis, para que nelas penetremos e possamos sair onde a luz
há também aquelas que são como patins: deslizam onde quer que as levemos
e outras que não se mexem, apenas sorriem e acenam para nós de onde estão
olhos onde espelhos, prismas, velas, lanternas, microscópios - microcosmos
há aquelas que são de passar no corpo: sabões de cheiro, exalam, perfumam
há outras de superfície áspera, que não se deixam tocar por muito tempo
gosto muito das palavras que se abrem como túneis, para que nelas penetremos e possamos sair onde a luz
há também aquelas que são como patins: deslizam onde quer que as levemos
e outras que não se mexem, apenas sorriem e acenam para nós de onde estão
olhos onde espelhos, prismas, velas, lanternas, microscópios - microcosmos
FLIP 2011
acabo de chegar em casa
depois de visitas viagens impressões
palavras desenhos flores fotografias
minha visão preferida:
flores no telhado
para-ti
o poema não começa
o poema não termina
é preciso escrever
a primeira palavra
é um fim gratuito
tudo tem que terminar
Ferreira Gullar
espaços que contam histórias
inspirar
respirar etecéteras
engolir palavras
mastigar o tempo
totalmente inspirador
terça-feira, 5 de julho de 2011
Esconderijo
Trilha do Ouro - Parque Nacional Serra da Bocaina
1 a 4/7/2011
recém saída do mato para outro esconderijo
três dias
corpo, respiração, mochila
músculos, pés, ombros
chão, pedras, barro
até que a cachoeira mais bonita
acampar ao lado do rio
eu, apenas corpo
olhos, som, cheiro
como as pessoas da serra
e nada mais
terça-feira, 21 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Pausa
Passei uma semana trabalhando no mato. Deu tempo de ver, de pensar, de olhar o chão, a terra, o céu. Até respirar de verdade eu pude. É como se uma grande porta, um silêncio em pleno horário comercial.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Peneiras
é preciso abastecer as pedras
empobrecer as margens
desgastar inexistências
encostar-se ao chão
sonhar recortes
entardecer retratos
sorrir-se ao sol
empobrecer as margens
desgastar inexistências
encostar-se ao chão
sonhar recortes
entardecer retratos
sorrir-se ao sol
Lembranças
"O entardecer do Negro tem todas as cores e nuances imagináveis. É a hora em que o rio conversa com Deus..."
(Vera do Val)
domingo, 20 de março de 2011
Faculdade de Letras
Quando estava na faculdade, toda vez que lia um romance, fazia notas à margem. Sublinhava e anotava conceitos. O narrador incerto, metonímias, pedaços de Freud, o eu e o outro, teorias sem fim. (Des)Aprendi a encher os livros de pedras.
Hoje, voltei a sonhar. Leio sempre e, por vezes, também anoto e sublinho. Apenas as palavras que acho bonitas, que fazem meu corpo dançar, e minha pele sussurrar. Palavras que me fazem flutuar.
Sobre palavras e brinquedos
Conversávamos em língua de brinquedo, degustando palavras. De repente, metade de mim mesma, nos longes do tempo. "Estou aqui e meia", pensei, "vou sair".
Lá fora, silêncio. Vozes, eco, arrepios. Ânsia, cacos, unha, estômagos. Pausa. Alguém:
- Que procuras?
Aos poucos, falas intangíveis, pensamentos de canário. Entrei. Flor, palha, novelos. Desta vez, as falas eram de orvalho; as palavras, como olhos de luar, para longe de amanheceres.
Aula de Inglês
Vou te ensinar as palavras como se pinta um quadro. A língua através do corpo. Quer dançar?
segunda-feira, 7 de março de 2011
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
É preciso
espalhar a manhã
para amanhecer palavra
engolir o silêncio
para entardecer passarinhos
as vésperas são sempre coloridas
como o úmido horizonte das borboletas
quando cheiro de nuvem
é preciso sair
para apanhar as cores
para amanhecer palavra
engolir o silêncio
para entardecer passarinhos
as vésperas são sempre coloridas
como o úmido horizonte das borboletas
quando cheiro de nuvem
é preciso sair
para apanhar as cores
Ex-pirações
"São as coisas que a tristeza faz."
"Ele assinou com letra de nunca mais."
(da peça A Árvore Seca, com Ester Laccava)
sábado, 29 de janeiro de 2011
Olhos fechados
vende-se segurança:
a sua garantia
para poder confiar
vende-se confiança:
já posso vendar seus olhos?
olhe para mim no escuro
por que a surpresa?
a sua garantia
para poder confiar
vende-se confiança:
já posso vendar seus olhos?
olhe para mim no escuro
por que a surpresa?
Resposta
silenciar
ouvir
o vácuo
hospedar o outro
dentro de si
tirar os sapatos
pisar a terra
amaciar-se
e só então
falar
Simples assim
a harmonia social depende de humildade, auto-controle, calor e positividade
que cada um seja seu próprio mestre e seja co-responsável pelo todo
que cada um seja seu próprio mestre e seja co-responsável pelo todo
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
O vento ao fim
Ushuaia, Argentina
mais perto de onde não o homem, não ninguém
tudo está mais quieto agora
Glaciar Perito Moreno, El Calafate, Argentina
onde o sol rebate e reluz: água-luz
silêncio entrecortado por rachaduras de sol
vento a soprar, escavar brancuras de azul
pés deslizam em milimétricos cacos
espaços até onde nunca
Glaciar Grey, Parque Nacional Torres del Paine, Chile
ventava muito, e nós perdíamos a noção do vento, para sermos pé e paisagem e silêncio e respiração. Até o fim, o lago, o azul, a praia, o vento, muito vento: convivento.
Parque Nacional Torres del Paine, Chile
respirar, cheirar, sentir
ver, fundir-se
ter a paisagem dentro da travessia de si
Parque Nacional Torres del Paine, Chile
sai-se do dia para entrar no vazio
sentir o apenas e ser o que estamos
no exato momento em que nos esforçamos ao vento
sem o tempo, fora do tempo
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Distâncias
na retirada, há pedaços faltando
há reticências que sobram
saudades de enovelar amanheceres
de tecer entre seres
de ser nó(s)
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