segunda-feira, 30 de junho de 2008
Retalhos
Eu, assim
Pedacinhos
Migalhas esparsas de palavras e silêncio
O completo da imagem, miragem
Apenas retratos possíveis
Tempo e espaço
Miniatura
Retalhos do que estou
terça-feira, 24 de junho de 2008
Sobre palavras e pontes
Estou perdida?
Perder-se é encontrar-se no vazio. A escuridão do sou. Cegueira.
Meus olhos estão vendados, mas do outro lado vejo ponte e bruma.
A respiração se acalma.
Percebo e desvejo. Esqueço-me. Desaprendo.
É hora de me despir.
Sentido prá quê?
"o não-senso reflete por um triz a coerência do mistério geral, que nos envolve e cria"
(Guimarães Rosa, Tutaméia)
(Guimarães Rosa, Tutaméia)
sábado, 21 de junho de 2008
Que horas são?
Dois relógios.
O primeiro, quando o sol, a lua, o nosso corpo.
O segundo, o quando da alma.
Este toca, o outro pára.
O mar inteiro em um líquido instante, infinitamente.
quinta-feira, 19 de junho de 2008
O QUE EU QUERO II
Foto by
Mário Pedroni
Quero acordar semente
levantar a luz
tecer a manhã
andar luminosamente
sair inteira
ver pensamento
ouvir o tempo
falar coraçãomente
cortar o fato
contar o agora
fazer espera
ler um sorriso
comer o vazio
esconder ressonâncias
beber entre-minutos
voltar estes minutos
sentar-me no dia
deitar a tarde
dormir o espaço
sonhar uma vida
outra vida
estas vidas
quarta-feira, 18 de junho de 2008
Substância
"E seu coração se levantou. "- Você, Maria, quererá, a gente, nós dois, nunca precisar de se separar? Você, comigo, vem e vai?" [...] Ela tinha respondido: "- Vou, demais." Desatou um sorriso. Estavam lado a lado, olhavam para a frente."
"Sionésio e Maria Exita - a meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco. Acontecia o não-fato, o não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto, sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamôr. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros."
"Sionésio e Maria Exita - a meios-olhos, perante o refulgir, o todo branco. Acontecia o não-fato, o não-tempo, silêncio em sua imaginação. Só um-e-outra, um em-si-juntos, o viver em ponto, sem parar, coraçãomente: pensamento, pensamôr. Alvor. Avançavam, parados, dentro da luz, como se fosse no dia de Todos os Pássaros."
(do conto "Substância", de Guimarães Rosa)
Imagem sorriso
Tenho o sorriso devagar
o olhar espaçoso
o ouvir vermelho
o sentir silêncio
a voz cigana
o pensamento quente
o querer semente
o olhar espaçoso
o ouvir vermelho
o sentir silêncio
a voz cigana
o pensamento quente
o querer semente
REFLETISER
domingo, 15 de junho de 2008
Mudez
A boca está aberta, mas é apenas poeira que sai.
As palavras são feridas, a corrosão do corpo, por dentro.
As palavras são feridas, a corrosão do corpo, por dentro.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Beware: is that your kid?
"We are the middle children of history, raised by television to believe that someday we´ll be millionaires and movie stars and rock stars, but we won´t. And we are just learning this fact," Tyler said."
(from FIGHT CLUB, By Chuck Palahniuk)
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Durante as pedras
Seguia em frente, sem conseguir parar. Pensava apenas no suor, no corpo, na respiração. Caminhava com rapidez, ritmo. Os passos em desenhada cadência. Quase musical.
Quando finalmente olhou para trás, não havia ninguém. Não havia mais volta. Por favor, não espere por mim, pensou. Eu já fui história, hoje sou caminho. De ida.
À frente, a trilha esticava-se até tocar o horizonte. Não sabia para onde, apenas pisava o durante. Os cascalhos que dançavam sob seus passos ardiam um calor metálico. Nada musical. Não conseguia parar. Nem mesmo ali, quando aquela curva. O ar, a paisagem, as pedras, o verde. Eu quero o novo e o agora, espero que tenha entendido. Criar. Nem que sejam apenas passos. Ou rastros. Ou poeira. Ou o nada.
Mas sei que até as pedras movem montanhas. Durante as pedras, meus passos são montanhas.
Quando finalmente olhou para trás, não havia ninguém. Não havia mais volta. Por favor, não espere por mim, pensou. Eu já fui história, hoje sou caminho. De ida.
À frente, a trilha esticava-se até tocar o horizonte. Não sabia para onde, apenas pisava o durante. Os cascalhos que dançavam sob seus passos ardiam um calor metálico. Nada musical. Não conseguia parar. Nem mesmo ali, quando aquela curva. O ar, a paisagem, as pedras, o verde. Eu quero o novo e o agora, espero que tenha entendido. Criar. Nem que sejam apenas passos. Ou rastros. Ou poeira. Ou o nada.
Mas sei que até as pedras movem montanhas. Durante as pedras, meus passos são montanhas.
terça-feira, 3 de junho de 2008
Sobre pensar e sentir
Será que é preciso saber para quê tudo isso serve?
Não posso apenas sentir?
Às vezes canso de pensar, de querer saber, de numerar, nomear, classificar, racionalizar...
Penso, logo canso.
Sinto, logo existo.
Sinto, logo existo.
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